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Escritora ruandesa Scholastique Mukasonga finaliza dia de estreia do Flipetrópolis

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Por Letícia Finamore

“Onde começa a engrenagem de um genocídio?” Essa foi a pergunta feita pelo jornalista Jamil Chade à escritora ruandesa Scholastique Mukasonga, sobrevivente do genocídio que assolou seu país em 1994. A palestra que finalizou o primeiro dia da edição de estreia do Flipetrópolis, o Festival Literário Internacional de Petrópolis, abordou a questão das crises humanitárias que assolam o mundo – tanto as de hoje quanto as que já passaram.

O início da carreira de Scholastique na literatura  deu-se quando a escritora decidiu contar sua história em um livro, o que resultou na obra “Baratas”. Entrelaçando autobiografia e história social, Scholastique conta que “construiu uma tumba feita de papel e palavras” – ou seja, encontrou a literatura como uma forma de canalizar as marcas que a guerra civil de Ruanda causou em sua história. E sua escrita de si se desenvolveu em outras obras, como “Nossa Senhora do Nilo”, “A mulher de pés descalços” e tantas outras.

Afirmando que “o genocídio é a consequência, e que é preciso pesquisar a causa dessa brutalidade”, Scholastique Mukasonga apresentou ao público, com auxílio da tradução simultânea, a história de seu país e como o massacre, que dizimou 37 membros de sua família, a marcou profundamente. A escritora participa do Flipetrópolis novamente nesta quinta-feira, 2/05.

Foto: @alnereis

Mais cedo, o Festival teve início com a apresentação do coral Canarinhos de Petrópolis. Juntamente à apresentação, o presidente do Flipetrópolis, Afonso Borges, destacou que o Festival tem como base a palavra, “o motor do diálogo que manda na democracia”. Borges reforçou o caráter antirracista do Festival. Logo em seguida, o presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Luís Roberto Barroso, dentre momentos descontraídos, apresentou o livro de sua autoria “Sem data vênia: um olhar sobre o Brasil e o mundo” como um exercício de uma linguagem simples, sem uso de jargões e que reflete sobre as principais questões da contemporaneidade. A obra lança um olhar sobre o Brasil, política, costumes, direitos e economia e trata de temas como interrupção de gestação, drogas e racismo. O ministro sintetizou a obra como um exercício de refletir sobre o que é bom para fazer um país melhor.

Dando continuidade à tarde do primeiro Flipetrópolis, Luiz Galina, diretor regional do Sesc no estado de São Paulo, reforçou o trabalho feito pela instituição no que tange à cultura nacional. Sua participação no evento é uma forma de perpetuar o legado de Danilo dos Santos Miranda, seu antecessor no cargo, que faleceu em outubro de 2023. Danilo foi, por muitos anos, parceiro profissional de Afonso Borges, presidente e curador do Flipetrópolis.

Jamil Chade, acompanhado de Afonso Borges, subiu ao palco do Flipetrópolis em seguida e detalhou relatórios até então sigilosos sobre a ditadura no Brasil. Em sua primeira aparição no Flipetrópolis, Chade apresentou documentos da década de 1970 do regime militar no Brasil e contou que, quando abriu as caixas com o material sigiloso, teve a certeza que não estava olhando para o passado e sim para o presente do Brasil. O jornalista estará presente nos próximos dias do Flipetrópolis, participando, no total, de sete palestras diferentes.

Às 17h, Antônio Torres e Taiane Santi Martins uniram a literatura já consagrada do autor com a escrita mais contemporânea da pesquisadora. O apego que todo escritor tem pelos livros guiou a discussão da mesa dos escritores. Em conversa sob mediação do também escritor Sérgio Abranches, os autores relembraram suas infâncias rurais em distintos lugares do País e em momentos geracionais diferentes. A importância da educação, da alfabetização e do primeiro contato com a leitura, ainda na infância, foi crucial para suas trajetórias como escritores.

O segundo dia do Flipetrópolis, 2/05, tem início às 8h30 com programação voltada para o público infantojuvenil. O público adulto pode conferir as programações nacional, internacional e local a partir das 14h. Confira a programação completa clicando aqui.

Sobre o Flipetrópolis

A primeira edição do Flipetrópolis foi viabilizada pela Prefeitura de Petrópolis, o patrocínio do Grupo Águas do Brasil e o apoio cultural do Itaú e da GE Aerospace, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura. Todas as atividades realizadas dentro do Flipetrópolis são gratuitas. Com a curadoria de Afonso Borges, Sérgio Abranches, Tom Farias, Gustavo Grandinetti e Leandro Garcia, acontece entre os dias 1.º e 5 de maio de 2024, no Palácio de Cristal.

Serviço:

Festival Literário Internacional de Petrópolis – Flipetrópolis
De 1.º a 5 de maio de 2024, de quarta-feira a domingo
Local: Palácio de Cristal – R. Alfredo Pachá, s/n – Centro, Petrópolis / Programação Digital – YouTube, Instagram e Facebook – @flipetropolis
www.flipetropolis.com.br
Entrada gratuita