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Os impactos da Inteligência Artificial no mercado literário é tema de debate entre Cris Olivieri e Lúcia Riff

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“A Inteligência Artificial nunca é cem por cento original, falta a experiência humana, falta suor e lágrima.” Cris Olivieri
“A grande matéria-prima do autor de literatura é ele mesmo, a sua história, seu passado e seu ambiente.” Lúcia Riff

Por Maria Luisa Rabello

“Qual é a relação entre Revolução Tecnológica e o Mercado Literário?” Com essa provocação, a mediadora Joana Silva levanta o debate sobre Inteligência Artificial entre as autoras convidadas, Cris Olivieri e Lúcia Riff, no quarto dia do Festival Literário Internacional de Petrópolis.

Cris Olivieri vai direto ao debate mais recorrente no que diz respeito à evolução da tecnologia atualmente, a Inteligência Artificial. A coautora de diversas edições do “Guia brasileiro de produção cultural”, fala dos riscos e impactos da IA em diversas áreas, sobretudo da área autoral e de produção de texto: “A Inteligência Artificial, hoje, tem a potencialidade de pegar todos os textos disponíveis, fazer uma síntese e transformar em novos textos”. 

A advogada especializada em gestão de Processos Comunicacionais e Culturais lança ao público duas importantes questões que perpassam a transformações tecnológicas atuais: “Como isso é feito sem a autorização do autor?” e “O aproveitamento de todos os textos produzidos de determinado autor ou temática, sintetizados em um novo texto e que não dão crédito e remuneram nenhum desses autores?”

Joana direciona a fala para Lúcia com a pergunta “Qual é o impacto da IA nos autores e nas pessoas que estão produzindo conteúdo para o Mercado Literário?”

A psicóloga e fundadora da Agência Riff é referência no mercado editorial há 30 anos e trabalha com direitos autorais de autores como Adélia Prado e Luis Fernando Veríssimo. Lúcia afirma que essas mudanças são um grande medo para autores, editores, roteiristas, tradutores e para todos que trabalham com escrita: “Quanto mais a gente lê sobre a Inteligência Artificial, mais assustado a gente fica”.

Joana Silva sintetiza as falas das autoras, afirmando que olhamos para a Inteligência Artificial como ameaça, que se relaciona com a falta de conhecimento, por não entendermos ainda como ela pode ser usada como ferramenta. 

A mediadora direciona a pergunta à Cris: “É possível a Inteligência Artificial ajudar a gente a construir um futuro mais sustentável e um mercado literário mais inclusivo? Há possibilidade de ganhos ou não?”

Em sua fala, Cris afirma: “Quando surgiu a fotografia, o cinema, a televisão, cada vez que surgia uma dessas tecnologias no nosso dia a dia, surgia uma enxurrada de textos muito pessimistas dizendo ‘agora o mundo acabou’ e todas as tecnologias anteriores não vão mais ser utilizadas. Todo mundo previu que a televisão ia acabar definitivamente com o cinema, o que não aconteceu, então vemos que essas tecnologias vão sendo agregadas”. 

Lúcia Riff nos leva a pensar que a ameaça da IA na revolução tecnológica tem mais impacto em áreas específicas, com manutenção de conteúdo robotizado, dando exemplo de bancos e seguradoras. De forma positiva, identifica a importância dessa tecnologia para a ciência, pensando na facilidade de compilar uma grande quantidade de dados, por exemplo. 

Pensando nas possíveis ameaças voltadas para o universo literário, Lúcia não acredita que a Inteligência Artificial possa ter êxito em substituir a criação das obras, por terem seu fundamento justamente na humanidade: “Você precisa de toda uma vida desses autores para que eles produzam as belezas que estão produzindo”.

O debate trouxe ao público da primeira edição do Flipetrópolis importantes esclarecimentos a respeito da Inteligência Artificial. Levantou também a necessidade de pensarmos em comunidade, sobre esse tema atual que assombra e preocupa a todos os que trabalham com escrita e diversos campos do meio artístico. 

Sobre o Flipetrópolis

A primeira edição do Flipetrópolis foi viabilizada pela Prefeitura de Petrópolis, o patrocínio do Grupo Águas do Brasil e o apoio cultural do Itaú e da GE Aerospace, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura. Todas as atividades realizadas dentro do Flipetrópolis são gratuitas. Com a curadoria de Afonso Borges, Sérgio Abranches, Tom Farias, Gustavo Grandinetti e Leandro Garcia, acontece entre os dias 1.º e 5 de maio de 2024, no Palácio de Cristal.

Serviço:

Festival Literário Internacional de Petrópolis – Flipetrópolis
De 1.º a 5 de maio de 2024, de quarta-feira a domingo
Local: Palácio de Cristal – R. Alfredo Pachá, s/n – Centro, Petrópolis / Programação Digital – YouTube, Instagram e Facebook – @flipetropolis
www.flipetropolis.com.br
Entrada gratuita