“A escrita é um pouco da nossa vida, um pouco da nossa biografia.” Leandro Garcia
Por Maria Luisa Rabello
A importância da arquivologia e da escrita de cartas para a memória e manutenção da nossa história como indivíduos e sociedade marcaram a apresentação de Leandro Garcia, autor do livro “Cartas que falam” (2023). O debate teve a especial mediação de Fátima Argon, historiadora e arquivista do Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade, para suscitar o debate, neste sábado (4/5), do Flipetrópolis.
Ao início da apresentação, Leandro contou seu processo de escrita e pesquisa da obra: “Este livro é um pouco da minha trajetória como professor, nele eu reúno 25 anos de pesquisa em arquivos, com assunto de cartas e correspondência”.
Além de pesquisador e escritor, Leandro Garcia é professor e traz na sua fala a importância da educação. Ele salienta como sua trajetória na docência é sempre valiosa para seu processo de escrita: “Nós, que somos professores, somos marcados pelos nossos alunos”, saudando um ex-aluno do início de sua carreira, no fim da década de 1990, que encontrou em meio à plateia do Flipetrópolis.
O debate pontua como as transformações nos meios de comunicação ocorridos no último século reinventaram a nossa rede de sociabilidade, além de mudarem completamente o formato da nossa escrita. O autor, referência em teoria do gênero epistolar, que é a pesquisa de cartas e correspondências, declara: “A pesquisa de cartas tem crescido muito no Brasil, principalmente na área da literatura, a carta se tornou uma espécie de objeto quase que museológico”.
A obra de Leandro reúne correspondências de grandes escritores, como Mário de Andrade, Alceu Amoroso Lima e Carlos Drummond de Andrade. O pesquisador acredita que deve haver um controle ético e que nem tudo deve ser publicado, uma vez que ao ler troca de cartas, invadimos a comunicação de textos íntimos de teor pessoal. Grande parte do acervo de cartas explorado por Leandro faz parte de arquivos públicos e privados da cidade de Petrópolis, que ele identifica ter uma grande relação com a arquivologia, mencionando o Arquivo Histórico do Museu Imperial e o Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade.
Tanto Fátima quanto Leandro fazem um apelo sensível ao público para que guarde suas documentações e cartas como forma de manterem vivas sua história e biografia. “Guardar as cartas é preservar um pouco da história. Guardar um pouco de mim e um pouco do outro”, diz Leandro, pensando na relação entre remetente e destinatário, mantendo a memória e o afeto que se mostra por trás dessa troca.
Sobre o Flipetrópolis
A primeira edição do Flipetrópolis foi viabilizada pela Prefeitura de Petrópolis, o patrocínio do Grupo Águas do Brasil e o apoio cultural do Itaú e da GE Aerospace, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura. Todas as atividades realizadas dentro do Flipetrópolis são gratuitas. Com a curadoria de Afonso Borges, Sérgio Abranches, Tom Farias, Gustavo Grandinetti e Leandro Garcia, acontece entre os dias 1.º e 5 de maio de 2024, no Palácio de Cristal.
Serviço:
Festival Literário Internacional de Petrópolis – Flipetrópolis
De 1.º a 5 de maio de 2024, de quarta-feira a domingo
Local: Palácio de Cristal – R. Alfredo Pachá, s/n – Centro, Petrópolis / Programação Digital – YouTube, Instagram e Facebook – @flipetropolis
www.flipetropolis.com.br
Entrada gratuita