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Jeferson Tenório e Andréa Pachá criticam a censura e o cinismo e discorrem sobre a urgência de ser antirracista

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Por Letícia Finamore

Em meio às censuras feitas ao seu livro “O avesso da pele”, o escritor Jeferson Tenório se uniu à escritora petropolitana Andréa Pachá para falar sobre justiça e liberdade. Com mediação de Sérgio Abranches, um dos curadores do primeiro Flipetrópolis, a palestra reuniu visitantes que lotaram o auditório onde o encontro foi realizado, tendo quem optasse por ficar em pé para fazer parte do evento.

Na ocasião, Jeferson apresentou ao público uma situação que sofre desde o primeiro trimestre de 2024. “O avesso da pele”, obra que ganhou Prêmio Jabuti de Romance Literário em 2021, gerou uma série de debates depois que a diretora de uma escola em Santa Cruz do Sul-RS pediu ao Ministério da Educação o recolhimento dos exemplares distribuídos para alunos do Ensino Médio, sob alegação de que a obra é inadequada por conter “vocabulário de baixo nível e descrições de cenas de sexo impróprias aos estudantes”. A denúncia ganhou proporções maiores quando um vídeo da diretora viralizou nas redes sociais e, assim, deu início a uma explosão de comentários distorcidos que acabaram propagando a desinformação. Dezoito municípios gaúchos anunciaram a remoção da obra, mas poucas horas depois, a Secretaria de Educação do RS emitiu nota desautorizando a decisão. No entanto, escolas do Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul decidiram retirar o livro de suas redes de ensino.

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Ao longo da conversa com Pachá e Abranches, Tenório tratou o caso com ironia, mas sem perder sua irredutibilidade antirracista. Ainda completou que “não é porque um livro está sendo vendido em todo lugar que ele não é censurado” e citou o filósofo francês Gilles Deleuze ao dizer que “a era da modernidade trouxe o cinismo”.

A contribuição de Andréa Pachá à mesa foi colocar a esperança e o subjetivismo da literatura em jogo. Em um mundo em que tudo é posto como concreto, não há espaço para a criatividade surgir. Ilustrando sua fala, Pachá mencionou sua atuação enquanto magistrada e contou: “O espaço que eu ocupo do sistema judicial não é um espaço de transformação com a possibilidade que a literatura tem – isso porque o sistema normativo é um sistema que estabiliza o status quo, e não um sistema que se contrapõe a ele. A literatura consegue fazer isso, e muitas vezes é a ela que recorro para me ajudar nos processos em que eu julgo”.

Sobre o Flipetrópolis

A primeira edição do Flipetrópolis foi viabilizada pela Prefeitura de Petrópolis, o patrocínio do Grupo Águas do Brasil e o apoio cultural do Itaú e da GE Aerospace, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura. Todas as atividades realizadas dentro do Flipetrópolis são gratuitas. Com a curadoria de Afonso Borges, Sérgio Abranches, Tom Farias, Gustavo Grandinetti e Leandro Garcia, acontece entre os dias 1.º e 5 de maio de 2024, no Palácio de Cristal.

Serviço:

Festival Literário Internacional de Petrópolis – Flipetrópolis
De 1.º a 5 de maio de 2024, de quarta-feira a domingo
Local: Palácio de Cristal – R. Alfredo Pachá, s/n – Centro, Petrópolis / Programação Digital – YouTube, Instagram e Facebook – @flipetropolis
www.flipetropolis.com.br
Entrada gratuita