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Frei Betto e Tom Farias refletem sobre literatura e liberdade

Por Letícia Finamore

Contando um pouco de suas histórias, Frei Betto e Tom Farias apresentaram, na tarde da quinta-feira, segundo dia do Flipetrópolis, os motivos que os levaram a mergulhar no mundo dos livros e como a escrita e a leitura amenizaram os momentos em que passaram encarcerados quando foram presos políticos, durante a ditadura militar.

Tom Farias conta que seu início enquanto leitor ávido se deu após os dez anos de idade, quando seu pai faleceu. Como “herança”, Tom se deparou com um grande acervo de livros deixado pelo patriarca, e nele mergulharia alguns anos depois, no início de sua adolescência, quando uma forte insônia passou a fazer parte de sua rotina. Dessa forma, enquanto o sono não chegasse, Tom passava a noite lendo. Quando questionado por Frei Betto se preferia escrever romance ou ficção, Tom Farias disse que o que o encanta é escrever – simplesmente.

Quando a palavra foi passada a Frei Betto, o escritor falou que a escrita é, de certa forma, disseminada no País: “Escritor, muita gente é. No Brasil, o difícil é virar autor”. Com essa frase, Betto refletiu a respeito dos tantos autores que trabalham com as palavras, mas que não publicam suas obras por decisão própria ou pelo alto custo e pela dificuldade de publicação em editoras. Dessa forma, muitos escritores lançam seus trabalhos independentemente – isso no melhor cenário.

Foto: @alnereis

Questionado por Tom Farias sobre suas obras, Frei Betto, que é teólogo, filósofo e jornalista, disse que encontrou na escrita um canal para denunciar as torturas que os frades dominicanos sofreram há 50 anos, durante a ditadura militar, especialmente quando o Frei Tito de Alencar foi preso e torturado sob a acusação de “terrorismo”. Após discorrer sobre o sucesso de “Batismo de sangue”, obra que conta essa história, Frei Betto refletiu acerca do embate entre espiritualidade e religião nos dias atuais.

O escritor menciona uma frase de São Tomás de Aquino que afirma ser igualmente enigmática e real: “Quanto mais espiritualidade tem uma pessoa, menos ela precisa de religião. A religião acabou sendo tão democratizada que ela mata a espiritualidade. Para poder cultivar a espiritualidade, é preciso se libertar um pouco da religião. A religião é a instituição, a espiritualidade é a vivência”.  Em seguida, Tom Farias completou que espiritualidade é tudo aquilo que nos liga ao próximo, à natureza e a nós mesmos.

Após a conversa, os escritores seguiram para a área de autógrafos para serem prestigiados por seus leitores. Essa foi a única participação do Frei Betto no Flipetrópolis. Já o curador do Flipetrópolis sobe ao palco do Auditório 1 novamente no dia 3/5, sexta-feira, às 17h, em uma conversa com Paloma Jorge Amado e com a mediação de Ricardo Ramos Filho. Todas as palestras estão disponíveis no YouTube do Flipetrópolis – reveja seus encontros preferidos em nosso canal, clicando aqui.

Sobre o Flipetrópolis

A primeira edição do Flipetrópolis tem o patrocínio do Grupo Águas do Brasil, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com apoio cultural do Itaú e da GE Aerospace e parceria da Prefeitura de Petrópolis. Todas as atividades realizadas dentro do Flipetrópolis são gratuitas. Com a curadoria de Afonso Borges, Sérgio Abranches, Tom Farias, Gustavo Grandinetti e Leandro Garcia, acontece entre os dias 1.º e 5 de maio de 2024, no Palácio de Cristal.

Serviço:

Festival Literário Internacional de Petrópolis – Flipetrópolis
De 1.º a 5 de maio de 2024, de quarta-feira a domingo
Local: Palácio de Cristal – R. Alfredo Pachá, s/n – Centro, Petrópolis / Programação Digital – YouTube, Instagram e Facebook – @flipetropolis
www.flipetropolis.com.br
Entrada gratuita