You are currently viewing Carla Madeira e Jeferson Tenório destacam a subjetividade como fonte de inspiração

Carla Madeira e Jeferson Tenório destacam a subjetividade como fonte de inspiração

  • Post category:Notícias

“Todo corpo em agonia quer produzir algum sentido.” Carla Madeira
“Existir é beber sem sentir sede.” Jeferson Tenório

Por Daniel Xavier

Carla Madeira e Jeferson Tenório têm mais em comum do que se imagina, para Nádia Gotlib. Ambos escreveram três romances no período de sete anos; contam com uma narrativa pautada no acontecimento e na ação; porém, o mais expressivo é que ambos têm uma relação com a vida brasileira. Centradas no que poderia ser chamado de “laços de família”, ou até “dramas e fatalidades em família”, que exploram “lados não muito alegres da nossa vida”, conforme descreveu a escritora.

“Todo corpo em agonia quer produzir algum sentido. Tenho uma crença que mesmo o pior ser humano é um ser humano. E levo isso para os livros. Se a personagem faz tal coisa, talvez ela não faça aquilo. Talvez ela venha desse lugar, talvez vá até esse lugar. Por isso, age assim. É o acontecimento que cria a personagem. O profano e o sagrado. O violento e o delicado”, explicou Carla Madeira. 

A subjetividade humana, inclusive, foi destacada durante o painel, que ocorreu na noite de sábado (4/5) no Flipetrópolis, como o “coeficiente artístico” que exercita a linguagem das obras de ambos. Gotlib ilustra: “A literatura traz tudo, da militância, à poesia, ao imaginário. Mas não é o factual. É aí que entra o subjetivo”.

Jeferson Tenório, por sua vez, explica como as vivências pessoais moldaram a construção de narrativas que não são urgentes, são degustadas. 

“A sala de aula me trouxe elementos para que eu tivesse histórias que tinham de ser contadas. Quando escrevo, penso na relação da juventude tendo a experiência de aprendizado com o mais velho. Como a relação entre pai e filho, em que há aquela coisa de ‘faça o que eu não consegui fazer, seja melhor’. Então, o meu processo de criação é improvisado, flui por meio da intuição e vai se adaptando, como acontece nessas relações. Digo que ‘o existir é beber sem sentir sede’. Degustar”, afirmou.

Foto: @alnereis

Início na música

Outra característica em comum entre ambos os autores é o passado íntimo com a música. 

“Com nove anos, eu comecei a aprender a tocar violão. Estava muito ligada com a MPB, meu desejo era de compor. Então, digo que a minha primeira paixão pela palavra veio pela poesia, pelas letras de música. Depois, Monteiro Lobato foi o primeiro autor que influenciou no meu encantamento com a literatura. Quando entro em contato com a arte, aquilo me movimenta, e eu tenho de escrever alguma coisa. E isso explica este sentimento: não é algo que se pensa, é algo que surge”, disse Carla Madeira.

“Eu também começo a entrar em contato com a palavra a partir da música. Era rapper. No meio tempo, tive contato com uma sonata de Beethoven ao assistir a um filme. Aquilo me movimentou de tal forma, que decidi então fazer o curso de Letras. Ao me aproximar de um professor de Literatura, comecei o exercício de escrita criativa. Mas eu percebo que o emocional, o sentir, foi que me guiou durante todo este tempo. O lógico veio para direcionar a construção”, conta Tenório.

Sobre o Flipetrópolis

A primeira edição do Flipetrópolis foi viabilizada pela Prefeitura de Petrópolis, o patrocínio do Grupo Águas do Brasil e o apoio cultural do Itaú e da GE Aerospace, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura. Todas as atividades realizadas dentro do Flipetrópolis são gratuitas. Com a curadoria de Afonso Borges, Sérgio Abranches, Tom Farias, Gustavo Grandinetti e Leandro Garcia, acontece entre os dias 1.º e 5 de maio de 2024, no Palácio de Cristal.

Serviço:

Festival Literário Internacional de Petrópolis – Flipetrópolis
De 1.º a 5 de maio de 2024, de quarta-feira a domingo
Local: Palácio de Cristal – R. Alfredo Pachá, s/n – Centro, Petrópolis / Programação Digital – YouTube, Instagram e Facebook – @flipetropolis
www.flipetropolis.com.br
Entrada gratuita