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Antônio Torres e Taiane Santi Martins: o encantamento pela literatura que atravessa gerações

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“Grudei no livro e nunca mais desgrudei.” Antônio Torres
“A simplicidade é uma coisa que é muito cara pra mim.” Taiane Martins

Por Maria Luisa Rabello

O apego que todo escritor tem pelos livros guiou a discussão da mesa dos escritores Antônio Torres e Taiane Santi Martins, na abertura da primeira noite do Flipetrópolis. Em conversa sob mediação do também escritor, Sérgio Abranches, os autores relembraram suas infâncias rurais em distintos lugares do País e momentos geracionais diferentes. A importância da educação, da alfabetização e do primeiro contato com a leitura, ainda na infância, foi crucial para suas trajetórias como escritores. 

Sérgio Abrantes abre o debate dizendo: “essa mesa eu escolhi fazer porque eu tenho aqui dois escritores de primeiríssima linha, de gerações distintas. Antônio Torres é um imortal, nas palavras que ele escreveu muito antes de ser membro da Academia Brasileira de Letras, e um dos mais importantes nomes da literatura contemporânea brasileira”, Abranches mencionou, ainda, “Querida cidade” (2021),  de Torres.

Sobre Taiane Santi Martins, a destacou como sendo  “da nova geração de escritores, uma baita escritora, sendo o livro dela “Mikaia” (2022) uma obra linda, muito bem escrita, que mostra que ela tem um caminho de se tornar imortal pelas palavras”, reforçando a beleza da literatura ao longo do tempo, que atravessa as gerações e dá luz a novos talentos da literatura.

O escritor baiano Antônio Torres, autor de “Querida cidade” (2021), abre sua fala manifestando seu amor pela literatura como caso de amor à primeira leitura. Traz, também, o papel crucial dos livros na sua criação “em um mundo agrário, sem rádio e sem notícias do mundo civilizado”. Torres conta que, ao descobrir o abecedário, sentado num chão de terra, entendeu que com as Letras poderia descrever tudo que existe no céu e na terra. 

Taiane Santi Martins reconheceu sua própria infância na fala de Antônio Torres, retomando sua vida agrícola em um sítio no interior do Rio Grande do Sul, como filha de pequenos produtores rurais. A autora conta que, desde criança, teve acesso à literatura por intermédio de sua mãe, forte entusiasta da literatura. Ela dividiu com o público sua visão de literatura como encantamento, como algo que nos toca de uma forma diferente. 

Foto: @alnereis

O convidado Antônio Torres mencionou a importância do regionalismo para a literatura brasileira ao contar uma história que viveu na cidade de Lagoinha-CE, onde deu uma palestra ao curso de Letras. Sua mãe soube de seu futuro como escritor, quando antes mesmo de saber ler, pegou um livro e ficou atento as palavras, dizendo “você leu antes mesmo de saber ler”.

Sobre o longo processo de escrita de “Mikaia” (2022), Taiane disse que começou na infância e foi parte da sua tese de doutorado em Escrita Criativa. Passou oito anos estudando e trabalhando neste livro, enquanto pesquisava a Costa do Marfim e, depois, Moçambique. Em sua pesquisa, concentrou-se no interior dos países, por ter reconhecimento com o lugar que cresceu. A vencedora do Prêmio Sesc afirmou, ainda, que se considera uma pessoa diferente antes e depois da premiação, levantando o debate da importância das premiações de literatura para os escritores.

Ao retomar a fala, Antônio Torres conta os 12 anos de processo na escrita de “Querida cidade”(2021). Ele se pegava escrevendo e reescrevendo inúmeras vezes os parágrafos. Além disso, trouxe aos ouvintes os desafios no processo de publicação durante a pandemia. Em seguida, contou da sua inspiração para a escrita do livro, que veio de um sonho em que ele estava no alto de um edifício cercado por água. Com esse sonho, ele deu a capa para a editora: o reflexo de um homem no espelho das águas.

Sobre o Flipetrópolis

A primeira edição do Flipetrópolis foi viabilizada pela Prefeitura de Petrópolis, o patrocínio do Grupo Águas do Brasil e o apoio cultural do Itaú e da GE Aerospace, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura. Todas as atividades realizadas dentro do Flipetrópolis são gratuitas. Com a curadoria de Afonso Borges, Sérgio Abranches, Tom Farias, Gustavo Grandinetti e Leandro Garcia, acontece entre os dias 1.º e 5 de maio de 2024, no Palácio de Cristal.

Serviço:

Festival Literário Internacional de Petrópolis – Flipetrópolis
De 1.º a 5 de maio de 2024, de quarta-feira a domingo
Local: Palácio de Cristal – R. Alfredo Pachá, s/n – Centro, Petrópolis / Programação Digital – YouTube, Instagram e Facebook – @flipetropolis
www.flipetropolis.com.br
Entrada gratuita