You are currently viewing A onda de censura de livros infantis nas escolas brasileiras é tema de debate entre Ana Maria Machado, Andrea Taubman e Alex Gomes

A onda de censura de livros infantis nas escolas brasileiras é tema de debate entre Ana Maria Machado, Andrea Taubman e Alex Gomes

  • Post category:Notícias

“A censura acontece nas menores coisas já há algum tempo. Está se tornando cada vez mais frequente.” Ana Maria Machado
“Parar de olhar a literatura infantil como problema para passar a entender como parte da solução.” Andrea Taubman
“Essas disputas políticas, onde a literatura infantil entra, me deixa muito nervoso.” Alex Gomes

Por Maria Luisa Rabello

O último dia da primeira edição do Flipetrópolis foi marcado pela mesa de debate entre os autores Ana Maria Machado, Andrea Taubman e Alex Gomes, trazendo o tema: a onda de censura de livros para crianças e jovens nas escolas no contexto da história brasileira.

A autora homenageada, Ana Maria Machado, dá início à discussão dividindo com o público do Festival alguns fatos sobre livros censurados no ambiente escolar que a marcaram. Ana Maria menciona a recente censura de sua coleção de livros “Mico Maneco” (2012), que aconteceu em Goiás, quando quatro professoras da Universidade de Goiás assinaram um parecer desaconselhando o uso da coleção nas escolas, defendendo que uma ilustração do mico derrubando um vaso de flores incentivava a destruição de obras de arte. 

A escritora Andrea Taubman, presidente da Associação dos Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil, acredita que há muito medo por parte de muitas pessoas, que veem a literatura como uma espécie de ameaça. Reiterando a fala de Ana Maria ao contar de seu livro “O menino Pedro e seu boi voador” (2019), que foi censurado por falar sobre Pedro gostar de banhos demorados, Andrea afirma: “O problema da água não está no banho demorado, está no consumo de carne bovina que precisa de pastos enormes e que só alimentam um pedacinho das pessoas do mundo”.

Alex Gomes contou um fato sobre censura de livros de infantojuvenil que o chocou muito, é do livro “A semente do Nicolau – Um conto de Natal” (2013) quando os pais quiseram tirar o livro da escola por ter como autor o político Chico Alencar, mesmo que o livro nada tivesse em sua temática assuntos relacionados à política e à vida do autor. Alex traz para o debate uma censura ocorrida em 1830, que escolas da corte retiraram as “Fábulas de Esopo”, grande clássico da antiguidade, para substituir pelo “Tesouro dos meninos”, um livro de lições morais, elucidando que embora haja uma onda de censura, não é um problema apenas da nossa época. Alex aborda a pré-censura, quando um livro é censurado antes mesmo de sair, por conta da temática abordada. 

A autora homenageada Ana Maria Machado, que também era professora, divide com a plateia sobre escolas que estão tendo dificuldade de trabalhar autores considerados clássicos para a literatura infantil com seus alunos. Sylvia Orthof, Pedro Bandeira e Marina Colasanti trazem, em suas temáticas, fadas e bruxas: “Alguns colégios estão deixando de permitir que os alunos tenham acesso a esses livros, porque os pais argumentam que isso é satanismo”.

Andrea Taubman fala da preocupação da atual gestão da Aeilij em ampliar a luta para que graduandos tenham contato com a literatura infantil e juvenil para que faça parte da sua formação como professores. A escrita acrescenta a nocividade de restringir as crianças a diversas temáticas abordadas na literatura infantil.

O debate sobre censura na literatura infantil, nesse último dia de Festival Literário Internacional de Petrópolis, fortifica a importância da exposição das crianças ao universo literário feito para elas, necessário para seu desenvolvimento nos mais variados âmbitos. 

Foto: @bleia

Sobre o Flipetrópolis

A primeira edição do Flipetrópolis foi viabilizada pela Prefeitura de Petrópolis, o patrocínio do Grupo Águas do Brasil e o apoio cultural do Itaú e da GE Aerospace, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura. Todas as atividades realizadas dentro do Flipetrópolis são gratuitas. Com a curadoria de Afonso Borges, Sérgio Abranches, Tom Farias, Gustavo Grandinetti e Leandro Garcia, acontece entre os dias 1.º e 5 de maio de 2024, no Palácio de Cristal.

Serviço:

Festival Literário Internacional de Petrópolis – Flipetrópolis
De 1.º a 5 de maio de 2024, de quarta-feira a domingo
Local: Palácio de Cristal – R. Alfredo Pachá, s/n – Centro, Petrópolis / Programação Digital – YouTube, Instagram e Facebook – @flipetropolis
www.flipetropolis.com.br
Entrada gratuita