Por Laura Rossetti
A mesa “O Mito, o Samba e a Literatura” reuniu os escritores Luiz Antonio Simas, Lívia Sant’Anna Vaz e Aydano André Motta na manhã deste sábado, 29/11, no 2.º Flipetrópolis. A conversa, ocorrida no Auditório, girou em torno do samba e outras manifestações culturais de origem africana que são símbolo de memória, identidade e resistência no Brasil. O escritor Ricardo Ramos Filho também participou da conversa, como mediador.
Perguntada sobre o modo como a identidade cultural do Brasil se entrelaça com o samba, Lívia Sant’Anna Vaz destacou a importância das rodas formadas por pessoas negras na preservação da memória do país. “Penso nas rodas – não só nas rodas de samba, mas nas rodas negras –, porque foram elas que permitiram que nós realmente mantivéssemos nossa memória. Essas rodas foram totalmente perseguidas”, disse a autora, citando como exemplo as rodas do candomblé e de capoeira. “Se a gente lembrar que no Brasil, as pessoas negras passaram quase um século proibidas de frequentar as escolas, a gente teve um país que nos negou a possibilidade de escrita também. (…) Foi a palavra cantada que nos salvou. Então, a gente escreveu no canto, na dança, no nosso corpo”, afirmou.
Pesquisador do carnaval, Aydano André Motta considera que a melhor invenção do Brasil foi a escola de samba. “Se o Brasil tiver que ser conhecido por alguma invenção tem que ser pelo engenho da escola de samba”, afirmou o autor, destacando a longevidade dos desfiles de samba no país, que surgiram na primeira metade do século XX. “Só não teve no ano da pandemia. Só a pandemia conseguiu interromper o desfile. Guerra, hiperinflação, ditadura – nada parou o samba”, afirmou. Aydano é autor de livros como “Maravilhosa e soberana – Histórias da Beija-Flor” e “Onze mulheres incríveis do carnaval carioca”.
Luiz Antonio Simas, coautor dos livros “Samba de enredo: História e arte” e “Dicionário da história social do samba”, destacou que, além de gênero musical, ritmo e coreografia, o samba é também um sistema de organização do mundo. “É uma maneira de você se posicionar no mundo. Ou seja, por meio do samba, você elabora formas de lidar com a vida, com a morte. O samba está ligado à maneira como você come, como você bebe, pensa, reza, ama, como você lamenta”, definiu o autor. Para ele, o samba é uma cultura de resistência em vista da história de aniquilação, exclusão e violência que marcou a formação do Brasil. “Talvez o mais impactante e fascinante para a gente pensar o Brasil seja entender como, diante de projetos de aniquilação, a vida insistiu”, afirmou.
A conversa completa está disponível no canal do YouTube do Flipetrópolis.
Sobre o 2.º Flipetrópolis
A 2.ª edição do Flipetrópolis acontece de 27 a 30 de novembro, quinta-feira a domingo, no Palácio de Cristal, e tem como tema “Literatura, Encruzilhada e Arte”. O evento apresenta mesas de bate-papo com escritores, lançamentos de livros, prêmio de redação e desenho, oficinas, e atividades educativas para as crianças. O Autor Homenageado é o Antônio Torres, romancista consagrado e membro da Academia Petropolitana de Letras e da Academia Brasileira de Letras. Outro destaque desta edição é a entrega oficial do Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano à vencedora de 2025, a escritora Sueli Carneiro.
Realizado graças à Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, o 2.º Flipetrópolis tem o Patrocínio Máster da GE Aerospace e o apoio da Zeiss, da Caixa, da Academia Petropolitana de Letras, do Ipeafro e da Prefeitura de Petrópolis. Parceria de Mídia: Amado Mundo. Todas as atividades são gratuitas, acessíveis, com Libras, audiodescrição e transmissão on-line via Youtube @flipetropolis.
Serviço
2.º Festival Literário Internacional de Petrópolis – Flipetrópolis
De 27 a 30 de novembro de 2025, quinta-feira a domingo
Local: programação presencial no Palácio de Cristal e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @flipetropolis
Entrada gratuita
Informações para a imprensa:
imprensa@flipetropolis.com.br
Jozane Faleiro – 31 992046367
Laura Rossetti – 31 99277-3238
Letícia Finamore – 31 98252-2002